Cyrela e Gafisa melhoram resultados

Por Valor Econômico

Cyrela e Gafisa divulgaram, ontem, melhora dos respectivos resultados líquidos, do
terceiro trimestre, enquanto Tenda apresentou lucro líquido em linha com o do
mesmo período do ano passado. Cyrela reverteu prejuízo em lucro, enquanto Gafisa
reduziu sua perda. Das três incorporadoras que apresentaram balanço, apenas
Tenda consumiu caixa.

A Cyrela registrou, em seu balanço, impacto positivo de R$ 24 milhões de sua
participação no resultado da Cury. Houve efeito positivo de R$ 22 milhões
decorrente de ganhos com a valorização de ações da Cyrela Commercial Properties
(CCP) e da venda de cotas de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) para o
Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB).

Por outro lado, a incorporadora teve impacto negativo de R$ 29 milhões de
contingências judiciais. “Ainda teremos um pouco do efeito das contingências, mas a
tendência geral é de queda dessa linha”, afirma o diretor financeiro, Miguel
Mickelberg.

No trimestre, a Cyrela teve lucro líquido de R$ 104 milhões. A receita líquida cresceu
28,9%, para R$ 934,7 milhões. A margem bruta passou de 28,3% para 30,9%. A
companhia gerou caixa de R$ 78 milhões, no trimestre, e de R$ 424 milhões no
acumulado de janeiro a setembro.

A Cyrela está otimista com o mercado imobiliário, segundo o diretor financeiro.
“Temos um volume bom de lançamentos para fazer em todos os segmentos e
regionais de atuação”, diz Mickelberg. O Valor Geral de Vendas (VGV) lançado pela
incorporadora deve superar, em 2019, o patamar de R$ 4 bilhões com o qual busca
atuar. A companhia não projeta elevar lançamentos em 2020 em relação aos deste
ano.

A Cyrela vai elevar seus dividendos nos próximos anos para reduzir patrimônio
líquido para R$ 4 bilhões. Com o lucro do terceiro trimestre, o patrimônio passou a
ser de R$ 5,1 bilhões.

Já a Gafisa não fez lançamentos, em 2019, e pretende voltar a apresentar projetos
no próximo ano. A reversão do resultado da companhia ocorrerá a partir da
retomada de lançamentos, segundo o diretor financeiro e de relações com
investidores, André Ackermann, mas o executivo não informou para quando é
esperado lucro. “A tendência é de redução de prejuízos”, diz Ackermann.

No terceiro trimestre, a Gafisa reduziu seu prejuízo em 93,6%, para R$ 1,668 milhão.
A receita líquida caiu 62,4%, para R$ 89,2 milhões, como consequência da queda de
78% das vendas líquidas, para R$ 29,8 milhões. A retomada de obras e a
consequente contabilização desse avanço na receita evitou que a retração do
indicador fosse maior. A Gafisa elevou a margem bruta dos 25,2% para 42,7%, o que
foi possível devido à economia decorrente da conclusão de obras.

As despesas da Gafisa com vendas caíram 89,5%, e as gerais e administrativas
tiveram queda de 43,1%. Por um lado, a empresa vem tendo acréscimos de gastos
com consultorias que assessoram suas operações, mas, por outro, tem diminuído
seu quadro de pessoal. No encerramento do período, a incorporadora tinha 180
funcionários, ante 358 no fim de 2018 e 750 na conclusão do terceiro trimestre do
ano passado.

O resultado operacional da Gafisa, que tinha sido negativo em R$ 7 milhões, ficou
positivo de R$ 20,5 milhões. A empresa não fez provisões para contingências.
“Estamos fazendo avaliação detalhada e se nosso nível de provisionamento é
conservador. A princípio, parece que não”, diz Ackermann. De julho a setembro de
2018, as despesas com demandas judiciais somaram R$ 17,2 milhões.

A Gafisa gerou caixa de R$ 24,4 milhões, no trimestre, sem considerar o efeito de R$
206,9 milhões da segunda tranche do aumento de capital. A entrada desses
recursos possibilitou que a relação entre dívida líquida e patrimônio líquido caísse
dos 102,2%, no fim de junho, para 45,6% no encerramento de setembro. Em
outubro, o indicador passou a ser de 37% com o ingresso de R$ 65,8 milhões da
subscrição adicional de sobras.

Da dívida total de R$ 750,8 milhões registrada no fim de setembro, 34,6% vencem
neste ano. “As conversas com os bancos estão evoluindo muito bem. Nossa
percepção é que estão mais preocupados com estrutura de capital do que com o
operacional da companhia”, diz Ackermann.

A Tenda registrou lucro líquido de R$ 64,6 milhões, no trimestre, com leve alta de
0,3% na comparação anual. A receita líquida cresceu 10,2%, para R$ 508,5 milhões, e
a margem bruta passou de 33,6% para 33%. As despesas operacionais aumentaram
14,7%, para R$ 96,5 milhões.

A Tenda consumiu caixa de R$ 40,8 milhões, como reflexo da suspensão dos
repasses dos recebíveis de clientes das faixas 1,5 e 2 do programa habitacional
Minha Casa, Minha Vida, no trimestre, com regularização apenas em meados de
setembro. A Tenda fechou o trimestre com caixa líquido de R$ 231,5 milhões.

Publicado originalmente em  08/11/2019 em Valor 

Chat WhatsApp